"Sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até o
be-a-bá, em todos os desenhos coloridos vou estar..."
A canção "o caderno" de Toquinho tipifica muito
bem as primeiras configurações artísticas em que fui inserido nos meus
primeiros anos de vida escolar. De lá
pra cá o que mudou no contexto arte-pedagogia?
Percebo que a Educação Artística na sala de aula sempre nos
veio erguida por meio do arcabouço visual: A criança, já no pré escolar era e
ainda é posta para compor traços, pinturas, rabiscos de cores, nas imagens que
delineam a manipulação do seu mundo que vai seguindo-a na vida escolar através
do grafite, pintado com lápis de cor de madeira, giz de cera, hidrocor ou tinta
guache. Vai aprendendo primeiramente e primariamente na mistura dos nuances do
compasso multicor, o que vem a ser por exemplo, as cores primárias e
secundárias e as cores quentes e frias. Ou seja, "o sol a sorrir no
papel" de fato, é uma imagem clara dos primeiros traços da criança com a
arte. E aqui cabe um desabafo pessoal e muito particular:
Nas minhas incansáveis e minuciosas andanças dentro do âmbito pedagógico, tenho constatado com um certo desapontamento enquanto aluno e arte educador, que dificilmente a criança é posta para expressar suas emoções através do teatro, da música, da poesia, da dança e/ou qualquer forma de arte que não se foque primordialmente no desenho. Não quero dizer que desenhar seja uma forma de expressão menos ou mais importante, mas que existem outros caminhos dentro das artes que precisam e devem ser explorados, e não só para fazer com que o aluno descubra as suas melhores aptidões, mas para desde já mostrar para esse aluno que a educação artística não se limita apenas ao desenho, ao contrário, a arte pode tem uma gama de demonstrações que são tão inerentes quanto à manipulação do lápis para compor na folha as suas primeiras leituras do mundo em que ele está inserido. Creio eu, inclusive, que por conta da falta desse olhar dos docentes no que se refere às artes, boa parte dos discentes que chegam ao ensino médio, chegam necessitando com afinco de entender e absorver essa "matéria" não como algo que possa ser posto em segundo plano, mas como um instrumento multidisciplinar amplamente diversificado e fundamental de expressão.
Na primeira fase do ensino fundamental tivemos (e ainda
temos) por muito tempo apenas um professor que embora não tenha a formação
artística, esforça-se para paralelarmente aos cálculos e à escrita ensinar aos
seus alunos outras disciplinas, e dada às circunstâncias do nosso
"retrato" educacional brasileiro, muitos dão nó em pingo d'água. A
questão é que mesmo em meio às dificuldades, é possível sim direcionar o olhar
desses alunos para o que será conveniente na sua trilhada acadêmica até os
últimos períodos em que ele estiver na Universidade. Dos anos 80 (década em que
conheci meus primeiros professores) até os dias atuais, consigo lembrar com
exatidão o nome dos docentes que me serviram de referencial de excelência e me
inspiraram, não só para dentro da sala de aula, mas sobretudo para a vida.
Portanto, termino esse texto deixando um abraço grato e muito saudoso para os
que me puseram para ler, escrever e apreciar literatura, para os que me
colocaram nas peças de teatro da escola, para os que fizeram o diferencial onde
o que se era de se esperar seria simplesmente, o mais do mesmo.
Izaqueu Nascimento
Um olhar de quem ver na arte a transformação de uma forma linda, o ensinar através do simples e complexo, o sentimento expresso no fazer Educação artística.
ResponderExcluirParabéns Izaqueu 😘